sábado, 28 de março de 2009

Final feliz

Almas aqueciam o que um dia foi chamado de mundo. Queimados, torturados, machucados por tanto ser enganados. Nada podiam salva-las, as esperanças se estilhaçaram junto aos corpos.
Naquela antiga e esquecida cidade, uma mãe que havia sobrevivido vagava assombrada vendo o resto daquilo que um dia chamou de lar, desta forma apesar de ter sobrevivido não era o desejava. Essa achava que seu filho não teve a mesma sorte, mas algo a dizia que ele ainda estava por lá, em algum lugar, e não desistia de sua busca. Depois de dias, estava quase desistindo, usava todas as suas convicções para não fazê-lo, de repente avistou um pequeno vulto, agachado à frente de um corpo. Chegou mais perto e na mesma instante teve certeza de que aquele era seu filho, a emoção tomou conta de sua alma e a intriga também, o menino olhou rapidamente para trás e a viu recusando-se a deixar de fazer o que pretendia.
Ela o viu segurando a mão do morto com tal virtude, o que lhe assombrou, porém não teve coragem de estragar o momento. “O que está fazendo?” perguntou-lhe, sem perder a concentração respondeu “Estou contando uma história, porque quando tenho medo você faz o mesmo e assim me sinto protegido. Mamãe, você também não acha que ele está com medo?”. Não sabia o que responder até ver nos olhos de seu filho aquela inocência que tanto ansiava, não só para si, mas para mundo inteiro. “Sim, então lhe conte aquela em que todos acabam bem...” no memento em que disse isso uma pontada de frustração a monopolizou. Assim pegou pela mão seu filho e caminhou a caminho da esperança, onde poderiam acreditar que algum dia todos poderiam ter um final feliz, assim como dizem as histórias.

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